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Sardinha Pequenina

A Sardinha Pequenina tem como propósito contar histórias aliando o poder da palavra escrita à qualidade e originalidade dos produtos e serviços.

04
Mar24

Flor viçosa

Escrevi este texto quando a minha Mãe estava internada no IPO. Nessa altura, eu já sabia que o tempo se esgotaria. O texto foi lido no seu funeral. Foi impresso e pendurado na parede. E gravado - para sempre - na minha pele.
 
Passaram 4 anos. Mas ela continua aqui. Comigo. Connosco. O tempo não faz desaparecer a saudade. Nem sequer o seu cheiro ou o toque da sua mão. O tempo, esse ditador, apenas nos ensina a saber viver com as memórias. Ensina-nos a renascer do caos. E ensina-nos que somos feitos de coragem.
 
Ela não ensinou as letras e os números à Alice. Nem lhe mostrou a sua gargalhada alegre. Não lhe disse que o seu coração devia ser bom. E essa dor, a do tempo que a minha Mãe não viveu com a minha filha, não passará nunca.
 
Flor viçosa.
Nasceste e cresceste assim.
As abelhas beijavam-te e os pássaros invejavam-te.
Flor garrida e verdejante.
O vento tentou derrubar-te. Ventanias e temporais vieram.
E tu, sempre de pé, bela e encantadora.
Agora veio a peste.
Colheu-te. Apanhou-te. Murchaste.
Já não tens a força e o vigor de outrora.
Seca. Sem cor.
Mas bela, sempre bela.
Até agora, sempre mágica.
Para sempre nossa.
 

SP. Fotografia para blogwebsite.png

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