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Sardinha Pequenina

A Sardinha Pequenina tem como propósito contar histórias de gente real, aliando o poder da palavra escrita à qualidade e originalidade dos produtos. As pessoas reais inspiram-nos!

Alexandra

25.01.23

Há gente que não sabe. Nem sonha.

Que tem o sol dentro do peito.

Que os seus olhos são casa.

E o seu sorriso aconchego.

Há gente que não imagina a leveza que tem.

Ou poder dos seus gestos.

Há gente que caminha por aí.

Despretensiosamente

Olhando os outros nos olhos.

Fazendo-se presente.

E tornando o outro presente. Só porque o viu.

E sorriu. Cumprimentou. Agradeceu.

O cego e o médico

25.08.21

Cruzei-me com ele por acaso.

Certamente o destino tinha marcado hora para nós.

Silenciosamente, ouvi-o.

Os seus olhos atraiçoaram-no.

Via com muita dificuldade.

Tropeçava aqui e ali. E também acolá.

As portas de vidro, limpas e reluzentes, eram um desafio.

Mas, apesar do caminho ser feito de gigantes obstáculos, ele sorria.

Conversador e sorridente - ele era assim. Tão, tão sorridente.

Confiante de que alguém que não pertence a este mundo colocara pessoas certas na sua vida. Como o seu médico.

Ele que o abraçara após a última cirurgia.

E que lhe havia prometido apoiá-lo, garantindo que lutaria ao seu lado para que tivesse direito aos seus direitos.

A sua história comoveu-me. Era mais um no meio da multidão.

Mas a cegueira que toldava os seus olhos, tinha-lhe trazido o poder de ver melhor com o coração.

Saúde

18.06.21

Ao sair, acenando com a cabeça, desejaram: saúde a todos.

Observei-os. Um a um. 

Ao ouvi-los, sorri. 

Percebi nas rugas do rosto. Na passada curta e lenta de quem não tem pressa.

Nas mãos. No olhar prolongado sobre quem ficava. 

Certamente, ao longo da sua vida todos eles já desejaram muito. 

Bens, pessoas, realizações pessoais e profissionais.

Mas agora, simplesmente a saúde.

A eles. E a todos.

E ao deixar a sala, desejando saúde, desejaram tudo a quem lá ficou.

Sempre ligeira

20.05.21

Sai de casa pela manhã.

A gingar vai pela rua e cumprimenta aqueles que por ela passam.

Pára no café e toma a bica. Talvez coma uma sandes.

Sentada, observa todos.

Dali parte para qualquer programa.

Porque ela é assim.

Põe tinta no cabelo. Faz ginástica. Bebe martini. É vaidosa.

Diz o que pensa. Não pede desculpa a ninguém.

Nos dias bons e nos dias maus, segue em frente. Com ou sem dificuldade.

Mas segue sempre, sempre ligeira.