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Sardinha Pequenina

A Sardinha Pequenina tem como propósito contar histórias de gente real, aliando o poder da palavra escrita à qualidade e originalidade dos produtos. As pessoas reais inspiram-nos!

Inspiração: eu vou encontrar-te!

26.05.23

Pego no papel e na caneta. Escrevo e risco. Não surgem ideias. Não consigo encontrar as palavras certas. Escrevo novamente. Leio e não gosto. Apago e suspiro. Também já passou por isto? Acredito que sim! 

Muitas pessoas acreditam que escrever é fácil e que os autores se sentem sempre inspirados. No entanto, tal não é verdade. A falta de inspiração afeta todos os escritores, podendo até desmotivá-los. 

Também eu sofro de tal mal. Em determinados momentos, sinto que a inspiração chega e as ideias surgem umas atrás das outras. Em tal quantidade, que me sinto assoberbada. Por outro lado, em alguns dias, risco e rabisco e não consigo escrever conteúdos que me agradem.

Com o tempo, tenho vindo a aprender a lidar com a falta de inspiração e julgo ter encontrado formas de procurá-la ativamente. Por isso, partilho algumas dicas:

 

1 - A inspiração está em todo o lado: procure-a. Quando não me sinto inspirada, centro a minha atenção no que me rodeia. Oiço com atenção redobrada as pessoas. Analiso cuidadosamente os momentos que vivo. Faço pesquisas. Penso sobre os livros que me apaixonam. Sinto verdadeiramente a música.

 

2 - A inspiração surge da prática. É comum pegar no papel e na caneta sem ter qualquer ideia formada. No entanto, à medida que vou escrevendo, a inspiração surge. Quanto mais escrever, melhor.

 

3 - A inspiração precisa do local e das ferramentas adequadas. Papel e caneta ou computador? Depende. No escritório, em casa ou em um café? Depende. É importante perceber em que ambiente e com que ferramentas pode produzir mais. Se está um dia de sol, agarre no bloco e no lápis e vá até à rua. Escreva enquanto aproveita o calor do sol. Precisa de espaço e de silêncio? Escolha um local confortável e calmo e é muito provável que encontre a inspiração. 

 

4 - A inspiração surge discretamente e em momentos inesperados. Por este motivo, anote todas as ideias que surgirem. Desta forma, nos dias em que se sentir desinspirado, poderá recorrer ao bloco de notas. Será certamente mais fácil começar a escrever algo que seja do seu agrado.

 

Acredito que a inspiração não é um privilégio só para alguns. Todos podemos viver inspirados. Tal depende da capacidade de cada um olhar em seu redor e ver os outros. De ouvir histórias. De sentir profundamente. A inspiração está em todo o lado: encontre-a!

 

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Escrita sensorial: narrativas com cinco sentidos

19.04.23

As narrativas podem ser escritas recorrendo a diferentes técnicas. Uma das mais utilizadas é a técnica da escrita sensorial. Na escrita sensorial, o autor utiliza linguagem descritiva, recorrendo para tal aos cinco sentidos - visão, audição, paladar, olfato e tato – para oferecer ao leitor uma perceção física, estimulando a sua imaginação. Ao ler uma descrição sensorial, a memória é também estimulada pois o leitor fará uso das lembranças que tem para percecionar todos os detalhes oferecidos no texto. A criação de empatia entre o leitor e as personagens é igualmente potenciada pela escrita sensorial, uma vez que esta técnica é capaz de despertar diferentes sentimentos, oferecendo uma experiência mais imersiva e realista ao leitor.

 

Aprender com um exemplo

Frase A: “A Dulce abriu a porta de casa e verificou que estava muito calor na rua.”

Frase B: “A Dulce abriu serenamente a porta de casa, olhou para o céu azul, sentiu o doce aroma das flores e o sol imediatamente aqueceu o seu corpo.”

 

Na primeira fase, o leitor fica a saber que a Dulce abriu a porta de casa e que verificou que estava muito calor na rua. O autor do texto não oferece detalhes adicionais que permitam ao leitor vivenciar de forma mais intensa o que lê.

Na segunda frase, o escritor entrega ao leitor a possibilidade de imaginar o céu azul, o aroma floral e o calor que Dulce sentiu ao abrir a porta de casa. O leitor tem na sua posse vários detalhes que lhe permitem facilmente imaginar uma mulher serena que, ao abrir a porta de casa, se delicia com o que descobre.  

 

Vale a pena referir que a técnica dos cinco sentidos é muito aplicada na escrita criativa. No entanto, também é possível encontrar esta técnica em outro tipo de conteúdos escritos como, por exemplo, textos com fins publicitários.

Sabemos que as narrativas que não recorrem à escrita sensorial tendem a ser demasiado simples. No entanto, o excesso de descrições sensoriais pode também tornar a narrativa monótona e extremamente cansativa, fazendo com que o leitor se distraia facilmente. Por isso, adjetivos e detalhes desnecessários devem ser evitados, bem como os clichês.  O autor deve utilizar a escrita sensorial de forma moderada, adaptando-a sempre ao tipo de conteúdo produzido. Um escritor de uma história de amor poderá basear-se no tato para descrever vários episódios. Por outro lado, se o conteúdo escrito é uma história de terror, a audição poderá ser o sentido mais explorado.  

 

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Escrita terapêutica: como matar fantasmas com papel e lápis?

28.07.22

Já agarrou num papel, num lápis e escreveu livremente? Sem se preocupar com julgamentos, com a estrutura do texto ou com as regras gramaticais? Sentiu que, após escrever, o coração ficou mais leve e a mente mais organizada? Então já experienciou os benefícios da escrita terapêutica!

A escrita terapêutica consiste no ato de utilizar a escrita como ferramenta de terapia, uma vez que através dela é possível aprender a lidar com a ansiedade, aumentar o autoconhecimento, compreender emoções e detetar necessidades. 

Foi na escrita que eu me (re)encontrei: pessoal e profissionalmente. Por esse motivo, mantenho alguns hábitos que me ajudam a produzir regularmente conteúdo - muito do qual é partilhado através da Sardinha Pequenina - e que aqui partilho:

1) Escolho um local e momento para escrever: eu escrevo quase sempre à noite e em silêncio. Quando todos estão a dormir, eu pego no papel, no lápis e escrevo. É a fase do dia em que me sinto mais capaz de partilhar o que sinto e o que penso.
2) Registo todas as ideias: os temas sobre os quais escrevo surgem naturalmente ao longo do dia. Para não me esquecer de nenhum tópico, uso o telemóvel ou um pedaço de papel para registar as ideias e mais tarde, com calma, escrevo sobre elas.
3) Escolho o suporte onde quero escrever: eu elegi um pequeno caderno verde. Mais tarde, após escolher os textos que quero partilhar publicamente, escrevo-os no computador. 
4) Escrevo sem regras e sem julgamentos: quando escrevo, faço-o sem "filtros". Escrevo de forma simples e sem medo do que outros poderiam pensar ao ler os meus textos. 
5) Respeito o meu próprio tempo: nem sempre consigo escrever quando quero. Quando assim acontece, paro e tento mais tarde. 

Acredito que escrevemos para descobrir quem somos, para (re)inventarmos as nossas vidas e para matarmos os nossos fantasmas. Por isso, escreva. Vai valer a pena!