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Sardinha Pequenina

A Sardinha Pequenina tem como propósito contar histórias de gente real, aliando o poder da palavra escrita à qualidade e originalidade dos produtos. As pessoas reais inspiram-nos!

Educação

31.05.23

Conhece as letras.

Sabe os números de cor.

Gosta de ensinar. Gosta de ver crescer. E desabrochar.

Demonstra de mil maneiras.

Desperta a criatividade com múltiplas cores.

Cativa. Incentiva. Envolve. Inspira.

Das dúvidas faz crescer a motivação.

Ensina o passado, dando forma ao futuro.

E no quadro escreve liberdade.

No seu coração, acredita que a educação tem poder.

Para mudar os homens. Para mudar o mundo.

E para fazer do amanhã um dia melhor.

Inspiração: eu vou encontrar-te!

26.05.23

Pego no papel e na caneta. Escrevo e risco. Não surgem ideias. Não consigo encontrar as palavras certas. Escrevo novamente. Leio e não gosto. Apago e suspiro. Também já passou por isto? Acredito que sim! 

Muitas pessoas acreditam que escrever é fácil e que os autores se sentem sempre inspirados. No entanto, tal não é verdade. A falta de inspiração afeta todos os escritores, podendo até desmotivá-los. 

Também eu sofro de tal mal. Em determinados momentos, sinto que a inspiração chega e as ideias surgem umas atrás das outras. Em tal quantidade, que me sinto assoberbada. Por outro lado, em alguns dias, risco e rabisco e não consigo escrever conteúdos que me agradem.

Com o tempo, tenho vindo a aprender a lidar com a falta de inspiração e julgo ter encontrado formas de procurá-la ativamente. Por isso, partilho algumas dicas:

 

1 - A inspiração está em todo o lado: procure-a. Quando não me sinto inspirada, centro a minha atenção no que me rodeia. Oiço com atenção redobrada as pessoas. Analiso cuidadosamente os momentos que vivo. Faço pesquisas. Penso sobre os livros que me apaixonam. Sinto verdadeiramente a música.

 

2 - A inspiração surge da prática. É comum pegar no papel e na caneta sem ter qualquer ideia formada. No entanto, à medida que vou escrevendo, a inspiração surge. Quanto mais escrever, melhor.

 

3 - A inspiração precisa do local e das ferramentas adequadas. Papel e caneta ou computador? Depende. No escritório, em casa ou em um café? Depende. É importante perceber em que ambiente e com que ferramentas pode produzir mais. Se está um dia de sol, agarre no bloco e no lápis e vá até à rua. Escreva enquanto aproveita o calor do sol. Precisa de espaço e de silêncio? Escolha um local confortável e calmo e é muito provável que encontre a inspiração. 

 

4 - A inspiração surge discretamente e em momentos inesperados. Por este motivo, anote todas as ideias que surgirem. Desta forma, nos dias em que se sentir desinspirado, poderá recorrer ao bloco de notas. Será certamente mais fácil começar a escrever algo que seja do seu agrado.

 

Acredito que a inspiração não é um privilégio só para alguns. Todos podemos viver inspirados. Tal depende da capacidade de cada um olhar em seu redor e ver os outros. De ouvir histórias. De sentir profundamente. A inspiração está em todo o lado: encontre-a!

 

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Escreve quem não tem medo

11.05.23

Escreve quem não tem medo. 

De fazer do texto porta aberta para o coração.

De expor fragilidades, crenças e anseios.

Escreve quem age por amor. E por coragem.

Porque não consegue conter a palavra dentro dos muros de si mesmo.

Porque não consegue viver sem a riqueza do livre pensamento.

Escreve quem se inebria com a textura do papel e a essência do carvão.

Quem imprime o medo no papel. E quem traça os sonhos com tinta colorida.

Escrita sensorial: narrativas com cinco sentidos

19.04.23

As narrativas podem ser escritas recorrendo a diferentes técnicas. Uma das mais utilizadas é a técnica da escrita sensorial. Na escrita sensorial, o autor utiliza linguagem descritiva, recorrendo para tal aos cinco sentidos - visão, audição, paladar, olfato e tato – para oferecer ao leitor uma perceção física, estimulando a sua imaginação. Ao ler uma descrição sensorial, a memória é também estimulada pois o leitor fará uso das lembranças que tem para percecionar todos os detalhes oferecidos no texto. A criação de empatia entre o leitor e as personagens é igualmente potenciada pela escrita sensorial, uma vez que esta técnica é capaz de despertar diferentes sentimentos, oferecendo uma experiência mais imersiva e realista ao leitor.

 

Aprender com um exemplo

Frase A: “A Dulce abriu a porta de casa e verificou que estava muito calor na rua.”

Frase B: “A Dulce abriu serenamente a porta de casa, olhou para o céu azul, sentiu o doce aroma das flores e o sol imediatamente aqueceu o seu corpo.”

 

Na primeira fase, o leitor fica a saber que a Dulce abriu a porta de casa e que verificou que estava muito calor na rua. O autor do texto não oferece detalhes adicionais que permitam ao leitor vivenciar de forma mais intensa o que lê.

Na segunda frase, o escritor entrega ao leitor a possibilidade de imaginar o céu azul, o aroma floral e o calor que Dulce sentiu ao abrir a porta de casa. O leitor tem na sua posse vários detalhes que lhe permitem facilmente imaginar uma mulher serena que, ao abrir a porta de casa, se delicia com o que descobre.  

 

Vale a pena referir que a técnica dos cinco sentidos é muito aplicada na escrita criativa. No entanto, também é possível encontrar esta técnica em outro tipo de conteúdos escritos como, por exemplo, textos com fins publicitários.

Sabemos que as narrativas que não recorrem à escrita sensorial tendem a ser demasiado simples. No entanto, o excesso de descrições sensoriais pode também tornar a narrativa monótona e extremamente cansativa, fazendo com que o leitor se distraia facilmente. Por isso, adjetivos e detalhes desnecessários devem ser evitados, bem como os clichês.  O autor deve utilizar a escrita sensorial de forma moderada, adaptando-a sempre ao tipo de conteúdo produzido. Um escritor de uma história de amor poderá basear-se no tato para descrever vários episódios. Por outro lado, se o conteúdo escrito é uma história de terror, a audição poderá ser o sentido mais explorado.  

 

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Os olhos da minha Mãe

05.04.23

Nos olhos da minha Mãe encontro tudo.

Colo. Beijos.

Histórias. E cantigas de embalar.

Nos seus olhos encontro paz.

Aconchego. Guarida.

Amor. E perdão.

Os olhos da minha Mãe são imensos.

Neles, a coragem.

A sabedoria. E a sensatez.

São capazes de falar. E de sorrir também.

São infinitos. E neles cabem todas as estrelas do céu.

A Mãe, segundo Deus

31.03.23

Na língua de Deus,

Mãe escreve-se com o brilho das estrelas,

amor infinito

e um punhado de carinho.

Deus deu à palavra Mãe

o aroma das flores

e a doçura do mel.

Quis Ele que Mãe fosse especial

e por isso ordenou aos anjos que distribuíssem

afeto e valentia a quem usasse a palavra

para que, na terra, se saiba que os braços de uma Mãe

são os braços de Deus.

Quatro Cantos

30.03.23

Estas ruas são estreitas.

Mas nelas cabe o carteiro.

E o funcionário que varre.

Cumprimentam quem passa.

Quem contempla as cores e as formas.

Quem observa a mistura do velho e do novo.

Saberão que estas ruas são velhas?

Tão velhas que têm gravadas mil histórias?

Eu ainda vejo a velha latoaria do Tibita e do Toneca.

Trago em mim os cheiros. E a recordação do espaço.

A loja do Darvim está aberta.

Eu, menina, estou junto à montra a ver as noivas saírem da Igreja de São Pedro.

Na barbearia, junto ao café, apara-se o cabelo e o bigode.

Os vizinhos abastecem-se no talho do prédio Americano.

Lá ao fundo, a Fortaleza. E o mar – aqui tão perto.

Hoje sobra pouco. Sobra a mercearia do João da Galvoa. Resistiu ao tempo.

Nela julgo ver a minha avó com a menina neta de mãos dadas.

Trazem os sacos cheios. E enquanto caminham, vão deixando parte de si nas ruas.

Elas estão gravadas nestes Quatro Cantos - agora tão transformados pelo tempo.

E são, inevitavelmente, parte da minha pele.

Alguém que lhes diga

24.03.23

Alguém que lhes diga que a esmola não satisfaz.

Não resolve. E não cala.

Quem trabalha. Quem tem filhos. E quem tem sonhos.

Alguém que lhes diga que a esmola não satisfaz.

Não apaga a lágrima de quem se vê com pouco.

Não silencia o grito da fome. E não faz desaparecer o desespero.

Alguém que lhes diga que a esmola não satisfaz.

A criança a quem não se pode dar mais.

O jovem que trabalha e que quer um mundo justo.

O velho reformado que quer viver com decência.

Alguém que lhes diga que a esmola não satisfaz.

Só a paz. A justiça. E a dignidade.

Bem-vinda Primavera

20.03.23

Após a chuva. Após o frio.
Chega a cor e o perfume. Regressa o chilrear dos pássaros.
O bater das asas das borboletas. E o tão esperado calor do sol.
É hora de semear boas energias. Fazer crescer sorrisos.
E colher paz interior.

Que esta Primavera - que hoje começa - aqueça o nosso coração!

Alexandra

25.01.23

Há gente que não sabe. Nem sonha.

Que tem o sol dentro do peito.

Que os seus olhos são casa.

E o seu sorriso aconchego.

Há gente que não imagina a leveza que tem.

Ou poder dos seus gestos.

Há gente que caminha por aí.

Despretensiosamente

Olhando os outros nos olhos.

Fazendo-se presente.

E tornando o outro presente. Só porque o viu.

E sorriu. Cumprimentou. Agradeceu.

O menino

09.11.22

Ouvi dizer que nasceu.

Menino cheio de luz.

Menino feito de esperança.

Veio trazer bondade.

E lembrar-nos do que somos feitos.

 

Na noite mais fria, pedi-lhe que te levasse fé.

Para que nunca te falte quando a estrada for sinuosa. 

Sussurrei, perante todas as estrelas do céu, que te levasse o meu abraço.

Para que o possas receber quando te lembrares dos dias velhos. 

E confessei-lhe a minha vontade de embrulhar o teu amanhã em felicidade.

Em desejos concretizados. Em momentos inesquecíveis.

Mamã: qual é o teu sonho?

17.10.22

Ela perguntou: "Mamã, qual é o teu sonho?"

Olhei para o seu rosto risonho e para os seus olhos curiosos.

O que deveria eu responder? Que exemplo poderia eu dar?

Já tive vários sonhos. Foram moldados ao longo do tempo.

Fiz e refiz vários objetivos. Rasurei projetos. Construí novos planos.

Mas, quando ela me inquiriu, soube que eu devia - e queria - ser exemplo.

Por mim. Por ela.

Para que ela saiba que dentro de um coração de mãe, cabem todos os sonhos do mundo.

Para que ela saiba que um coração que deseja muito pode tudo. 

Respirei fundo e contei-lhe um segredo.

Sorriu. E prometeu discrição.

Não sabe que lhe dei um pedaço da minha alma para guardar junto do seu coração pequenino.

Para fazer dos meus sonhos, combustível para os seus.

Menina Mãe

03.10.22

Precisas de colo?

Onde deitar as lágrimas.

Onde deixar a menina que deixaste de ser.

Onde encontrar a mulher que agora nasce.

Onde largar o corpo que antes era só teu.

 

Precisas da minha voz?

Para te garantir que não há caminhos certos e errados.

Para te segredar que também tu brotaste agora.

Para te dizer que, pouco a pouco, vais descobrir ser o mundo.

 

Precisas da minha mão?

Quando o cansaço se apoderar de ti.

Quando a solidão te assombrar. E o medo de falhar.

Para garantir que não te perdes nesse estreito caminho.

Onde segues descalça e frágil. A aprender a ser.

 

Precisas do meu silêncio?

Capaz de te abraçar quando sentires as dores do teu filho.

E sentires que são tuas, afinal.

Quando nos teus ombros sentires o peso de seres mais.

E quando descobrires que afinal, só tu bastas.

 

Ao teu filho. E a ti.

Essa gente

13.09.22

Gosto de gente desalinhada. Que teima em desenhar as suas próprias rotas. Que dança pela vida. Que canta em dias de chuva. E que se emociona com gestos simples.  

 

Gosto de gente que surpreende. Que, por parecerem ser nada, são tudo. Pelo que são. Pelo que dão.

 

Gosto de gente com voz. Com alma. Com mente irrequieta. Gente que é gente. Que faz da sinceridade coluna vertebral. E da valentia o compasso do coração.

 

Gosto de gente de sorriso fácil. De lágrima honesta. De olhos que falam. Gente que grita. Que sorri. Que chora. Que erra. Que beija. Que abraça. Que perdoa.

 

Gosto de gente cujos pedestais são feitos de respeito dos outros. Construídos com o carinho daqueles que conquistaram. Certamente essa gente, que é gente especial, vive mais perto do céu por fazer a diferença na terra.

Escrita terapêutica: como matar fantasmas com papel e lápis?

28.07.22

Já agarrou num papel, num lápis e escreveu livremente? Sem se preocupar com julgamentos, com a estrutura do texto ou com as regras gramaticais? Sentiu que, após escrever, o coração ficou mais leve e a mente mais organizada? Então já experienciou os benefícios da escrita terapêutica!

A escrita terapêutica consiste no ato de utilizar a escrita como ferramenta de terapia, uma vez que através dela é possível aprender a lidar com a ansiedade, aumentar o autoconhecimento, compreender emoções e detetar necessidades. 

Foi na escrita que eu me (re)encontrei: pessoal e profissionalmente. Por esse motivo, mantenho alguns hábitos que me ajudam a produzir regularmente conteúdo - muito do qual é partilhado através da Sardinha Pequenina - e que aqui partilho:

1) Escolho um local e momento para escrever: eu escrevo quase sempre à noite e em silêncio. Quando todos estão a dormir, eu pego no papel, no lápis e escrevo. É a fase do dia em que me sinto mais capaz de partilhar o que sinto e o que penso.
2) Registo todas as ideias: os temas sobre os quais escrevo surgem naturalmente ao longo do dia. Para não me esquecer de nenhum tópico, uso o telemóvel ou um pedaço de papel para registar as ideias e mais tarde, com calma, escrevo sobre elas.
3) Escolho o suporte onde quero escrever: eu elegi um pequeno caderno verde. Mais tarde, após escolher os textos que quero partilhar publicamente, escrevo-os no computador. 
4) Escrevo sem regras e sem julgamentos: quando escrevo, faço-o sem "filtros". Escrevo de forma simples e sem medo do que outros poderiam pensar ao ler os meus textos. 
5) Respeito o meu próprio tempo: nem sempre consigo escrever quando quero. Quando assim acontece, paro e tento mais tarde. 

Acredito que escrevemos para descobrir quem somos, para (re)inventarmos as nossas vidas e para matarmos os nossos fantasmas. Por isso, escreva. Vai valer a pena!