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Sardinha Pequenina

A Sardinha Pequenina tem como propósito contar histórias de gente real, aliando o poder da palavra escrita à qualidade e originalidade dos produtos. As pessoas reais inspiram-nos!

A neta da minha avó

06.07.22

A neta da avó nasceu.

E os dias não mais foram iguais.

Tal como o céu. Tal como o aroma das flores.

Tudo mais belo. E intenso.

 

A neta da avó tornou-se tesouro precioso.

Protegida. Amada. Cuidada.

E o coração tornou-se casa: onde todos os momentos se encaixavam.

 

A neta da avó cresceu.

Ao ritmo das cantigas de sempre.

A molhar os pés na água da mangueira.

A misturar sabores com a colher de pau.

A ensopar o pão na tigela de leite.

A deleitar-se com gemas com açúcar.

A fazer magia com as claras, transformando-as em castelos deslumbrantes.

 

A neta da avó embarcou em aventuras.

Em pequena, num autocarro que percorria a cidade, fingia voar.

Já grande, aos ombros da vida corrida, guardava na memória o toque dos velhos caracóis brancos enrolados nas suas pequenas mãos de cabeleireira.

E nesse momento sabia que podia ser quem quisesse: cabeleireira ou heroína.

 

Hoje, a neta da avó deve-lhe muito.

Deve-lhe, principalmente, a lembrança dos seus eternos olhos verdes.

Cheios do mundo que quis ver e contar à sua neta.

Cheios de dignidade que a dura sina lhe impôs.

Mas sempre, sempre, cheios de amor.

 

A neta da avó guardará, para sempre, memória sua.

Sou eu a neta. E tu, a minha Avó.

Era uma vez ...

09.08.21

Era uma vez uma Avozinha.

Trazia com ela o aroma dos bolos caseiros.

As suas mãos, enrugadas pelo tempo, eram quentes.

E nos seus abraços cabia o mundo.

Costurava. Cozinhava. Jardinava.

Tudo fazia com amor.

Gostava de receber os seus netos. Oferecia-lhes sempre um sorriso. 

Protegia os seus netinhos de lobos, monstros e vilões. 

E quando os aconchegava na cama, guardava-os como se fossem um precioso tesouro. 

A Avozinha, uma das personagens principais em todas as histórias da vida dos seus netos, era única.

Casa

08.05.21

Uma casa é um ninho.

Quente, acolhedora e aconchegante.

Construída ramo a ramo por quem lá habita.

Repleta de memórias e de sonhos. 

Com cheiro a bolos.

Com aroma a roupa lavada.

Onde, havendo um quintal, os pés se molham com a água da mangueira.

Onde, havendo terra, se vê a vida surgir em cada pétala.

Há um dedo na massa do bolo. Há a manta velhinha e gasta.

Há o local secreto onde se guardam cartas. Há o local preferido para relaxar.

Há um cão que ladra e rói o chinelo. Há a sardanisca que teima em aparecer.

Nas paredes ficam gravadas as conversas.

No chão ficam marcadas as pegadas de quem lá nasce e cresce.

Ecoam os risos e as lágrimas. 

Na nossa casa fica gravada a nossa história.