O cego e o médico
Cruzei-me com ele por acaso.
Certamente o destino tinha marcado hora para nós.
Silenciosamente, ouvi-o.
Os seus olhos atraiçoaram-no.
Via com muita dificuldade.
Tropeçava aqui e ali. E também acolá.
As portas de vidro, limpas e reluzentes, eram um desafio.
Mas, apesar do caminho ser feito de gigantes obstáculos, ele sorria.
Conversador e sorridente - ele era assim. Tão, tão sorridente.
Confiante de que alguém que não pertence a este mundo colocara pessoas certas na sua vida. Como o seu médico.
Ele que o abraçara após a última cirurgia.
E que lhe havia prometido apoiá-lo, garantindo que lutaria ao seu lado para que tivesse direito aos seus direitos.
A sua história comoveu-me. Era mais um no meio da multidão.
Mas a cegueira que toldava os seus olhos, tinha-lhe trazido o poder de ver melhor com o coração.