Estas ruas são estreitas.
Mas nelas cabe o carteiro.
E o funcionário que varre.
Cumprimentam quem passa.
Quem contempla as cores e as formas.
Quem observa a mistura do velho e do novo.
Saberão que estas ruas são velhas?
Tão velhas que têm gravadas mil histórias?
Eu ainda vejo a velha latoaria do Tibita e do Toneca.
Trago em mim os cheiros. E a recordação do espaço.
A loja do Darvim está aberta.
Eu, menina, estou junto à montra a ver as noivas saírem da Igreja de São Pedro.
Na barbearia, junto ao café, apara-se o cabelo e o bigode.
Os vizinhos abastecem-se no talho do prédio Americano.
Lá ao fundo, a Fortaleza. E o mar – aqui tão perto.
Hoje sobra pouco. Sobra a mercearia do João da Galvoa. Resistiu ao tempo.
Nela julgo ver a minha avó com a menina neta de mãos dadas.
Trazem os sacos cheios. E enquanto caminham, vão deixando parte de si nas ruas.
Elas estão gravadas nestes Quatro Cantos - agora tão transformados pelo tempo.
E são, inevitavelmente, parte da minha pele.