Já me perdi por aí.
Desalento. Melancolia. Tristura.
Trilhei caminhos a que não me propus.
Outros foram os que erradamente escolhi.
Silencei gritos. Matei vontades.
Mas hoje, só hoje, escolho ser feliz.
Quero deixar-me empurrar pelo desassossego.
Deixar gritar o coração. E a alma.
Ceder ao capricho de serem minhas as vitórias e as derrotas.
Hoje, só hoje, escolho ser una.
Mistura de tudo aquilo que me compõe.
Impartível mediante vontade alheia.
Hoje, só hoje, escolho ser eu.
Capaz de tudo.
Tens o passo acelerado. Tão acelerado como o teu coração.
A vida não te tem permitido caminhar lentamente.
Tu corres. E suspiras.
Suspiras por dias novos, com cor, com sol, com esperança.
Nesse teu caminho, em que quem marca o passo é o teu coração cheio de coragem, encontrar-me-ás.
No meio da estrada ou talvez num cruzamento.
No local onde os amigos se encontram.
Vou ajudar-te. Vou amparar-te. E vou ouvir-te.
Não posso fazer o teu caminho. Os teus pés não são os meus e o teu corajoso coração manda-te seguir viagem.
Mas caminharei ao teu lado.
Acorda de manhã.
Despenteada e ensonada.
Olha-se ao espelho e suspira.
Mais um dia.
Tem de fazer magia.
Escolhe a roupa. Põe o perfume.
Calça os sapatos, sai de casa e pela rua caminha.
De óculos de sol, ouve a sua estação de rádio preferida enquanto segue de carro.
Pela direita, pela esquerda.
Na sua mente a interminável lista de tarefas de hoje.
Tarefas em casa. Tarefas no trabalho.
Tantas tarefas. Tarefas sem fim.
Conclui que é mal paga.
Mas o que importa isso?
É gira. E isso basta!
Balanças-me no ar.
Sentas-me no teu colo.
Carregas-me sobre os teus ombros.
Fazes parte dos meus dias.
És cavaleiro nas minhas histórias.
Bravo e corajoso.
Valente defensor.
Tal como nas histórias, juraste defender-me.
Apoiar-me e estar sempre presente.
Levas-me sempre no teu coração.
No teu coração de Padrinho.